Desde o lançamento do GPT-5 na semana passada, sites de tecnologia e jornais passaram a publicar textos que apontam experiências problemáticas do que, até então, era a maior promessa da OpenAI. O novo modelo parece mais "burro", de acordo com muitos usuários e colocou em dúvida até mesmo a possibilidade de termos uma AGI em um futuro próximo, ideia que vinha sendo defendida por Sam Altman, CEO da OpenAI.
Altman deu uma entrevista há dois dias, dizendo que pensar em uma AGI é algo nebuloso e esse termo já não é tão útil.
O que mudou? Na minha visão, apenas a estratégia de comunicação com o público e, em especial, com os investidores.
Peter Norvig e Stuart Russell, em 1995, ressaltaram a imprevisibilidade dos modelos de IA no livro "Artificial Intelligence: A Modern Approach". Se você, assim como eu, passou por uma graduação em computação e encarou esse livro ao cursar a cadeira de inteligência artificial, já estava bem ciente disso.
Portanto, empresas como a OpenAI ainda precisam alimentar fantasias e expectativas, afim de conseguirem aportes bilionários para algo que sequer possui um plano de negócios bem definido.
Tudo isso me lembra do livro "Las palabras andantes?" (1994), onde o jornalista uruguaio Eduardo Galeano cita o cineasta argentino Fernando Birri ao falar de utopia:
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminhos dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
A dúvida que fica em relação à toda essa conversa sobre IAs é: estamos caminhando para onde?